Watchmen, Zack Snyder




Uma pergunta certa vez vista pela internet levantava uma interessante questão: Quem sofre mais com as adaptações para o cinema? Fãs de livros, games ou quadrinhos? Como fã assíduo dos três, acredito que o mundo dos quadrinhos têm sido o mais atingido por adaptações mal feitas ou feitas em mãos despreparadas. Por isso, quando Watchmen foi lançado não esperava muito e fui gratamente surpreendido por um filme arrebatador. Posso adicionar mais umas dezenas de elogios aqui mas estou me contendo. Está sendo difícil.


Watchmen conta a história de um grupo de vigilantes que, em meio ao cenário do auge da Guerra Fria, lida com uma sociedade em constante clima de tensão. Quando um dos vigilantes é assassinado, apenas Rorschach acredita estarem sendo perseguidos por um assassino de heróis e, quando desacreditado pelos outros, começa a investigar sozinho. O que antes era apenas um caso particular de assassinato se torna algo muito maior, envolvendo uma possível quantidade de vítimas absurdamente alta. Algo global. Ao mesmo tempo acompanhamos a vida dos outros ex-integrantes dos Vigilantes e os diferentes caminhos que tomaram. Alguns seriam chamados de clichês, como o inteligente rico ou o herói pobre de moral intacta, mas vale lembrar que Watchmen foi um quadrinho pioneiro.

A partir do ponto de dissolução dos vigilantes, acompanhamos na maior parte do tempo a saga de Rorschach para tentar convencer os demais heróis de que estão em perigo e protege-los, mesmo que isso signifique se colocar em risco. Rorschach seria um de meus heróis preferidos, mas ele é um anti-herói. Essa diferenciação é importante porque Watchmen não é apenas uma adaptação de quadrinhos. É uma história com várias camadas de informação, desde o “simples” complô contra heróis até questionamentos filosóficos como, por exemplo, quantas vidas humanas vale uma vida humana? O próprio Rorschach já é uma óbvia alusão à psicologia!

O filme é uma adaptação quase exata dos quadrinhos. Mesmo cenas mais lembradas, como o Comediante sendo arremessado de sua janela ou uma certa discussão no gelo, são reproduzidos com uma maestria invejável. É como se alguém fizesse um desenho da cena e não ao contrário. Isso é importante de ser notado porque indica o óbvio esforço desprendido pela equipe de produção na confecção do filme. O roteiro, assinado por David Hayter, é outra característica do filme onde se pode reparar no zelo envolvido em sua criação. Uma outra característica digna de ser mencionada é a trilha sonora. A história é ambientada em 1985 e as músicas fazem uma grande parte do trabalho de transportar o espectador até a época ou provocar sentimentos. Vai dizer que não sentiu nada no velório do comediante ao som de “The sound of silence”?

Dentre todos esses aspectos não consigo ressaltar um em especial. Watchmen é um filme completo e muito bem feito. Zack Snyder fez, de novo, um ótimo trabalho e o conjunto da obra flui tão perfeitamente em sincronia que imaginar o longa sem algum deles se torna quase impossível. Mesmo o mais saudoso dos leitores de quadrinhos, e a maioria dos fãs de Watchmen é, não sentirá a obra sendo desmerecida ou mal adaptada. Filme digno de elogios intermináveis, tanto os que já citei no começo desse texto quanto os que me controlei para não dizer.

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