Extraordinário, R. J. Palacio



August Pullman, ou Auggie, poderia ser um garoto comum da sua escola. Mas não é. Na verdade, ele passou toda a sua infância longe de uma escola. O motivo? August não tem apenas uma doença, mas várias. Ele é a combinação perfeita das improbabilidades estatísticas. Em algum ponto do livro, é dito que as chances de ele ter nascido com esta deficiência genética é de uma em um milhão. É como a loteria do DNA, só que ruim.

Tudo em sua vida muda quando seus pais percebem que chegou a hora de ele ter algum convívio social e decidem mandá-lo para a escola. August tem os cabelos compridos, na tentativa de chamar menos atenção ao seu rosto, que é o foco da história. Não consegui imaginar qual seria o resultado da doença dele, as descrições são, de certa forma, específicas ao longo do livro, mas ao mesmo tempo são vagas.

“Argh. Parecia que o fotógrafo tinha acabado de chupar um limão quando me viu. Tenho certeza de que ele achou que estraguei a foto. Eu era um dos alunos sentados na frente. Não sorri – não que alguém fosse notar se eu sorrisse.”

Palacio queria, com este livro, criar uma corrente antibullying ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, esse tema tem sido cada dia mais abordado ao longo das últimas décadas e este livro é o resumo do motivo. August não queria ir para a escola por medo da reação das pessoas, e estava certo. Ele passa por maus bocados e tem que aprender a conviver com os colegas e até mesmo com a família dos colegas.

Uma das minhas passagens favoritas é o e-mail dos pais de um dos alunos, Julian, o babaca, falando sobre August e sobre a “deficiência” dele, que sequer existe. A resposta do diretor é definitivamente algo memorável. Pode ser só porque eu gosto de certas grosserias merecidas, mas é realmente boa. Confiem em mim.

A maior parte do livro é contada do ponto de vista de August, mas Olivia, Justin, Summer, Jack e Miranda também contam pequenas partes. Todas são interligadas e mostram os diferentes pontos de vista da mesma história. Gosto bastante de livros assim. Afinal, como já dizia Lemony Snicket, tudo depende de como você encara as coisas. Jack pode parecer um babaca até certo ponto, mas depois vemos que as coisas não são bem assim. Jack é aquele personagem cinza que eu adoro.

O livro é muito bem escrito de acordo com os personagens, que por sua vez são muito bem delineados e representam muito bem a reação da maioria das pessoas em relação a indivíduos como August. Seu professor, Sr. Browne, dá às crianças a tarefa de falar sobre um preceito por mês. O primeiro deles realmente foi adorável, e é a base de toda a campanha de Palacio.

“Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil” – Dr. Wayne W. Dyer

Extraordinário é um conjunto de tapas de realidade na cara. August nos mostra como alguém pode ser extremamente forte, simplesmente porque precisa ser. Jack nos mostra como é fácil magoar alguém só com algumas palavras que não foram bem planejadas. Summer ensina como é fácil ser gentil e fazer alguém querido sorrir. Olivia mostra como pode ser difícil equilibrar dois lados de uma mesma coisa. Enfim, todos os personagens deste livro têm algo a nos ensinar.

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