A Invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick



"Às vezes eu venho aqui de noite, mesmo quando não estou cuidando dos relógios, só para olhar para a cidade. Sabe, as máquinas nunca têm peças sobrando. Elas têm o número e o tipo exato de peças que precisam. Então, eu imagino que, se o mundo inteiro é uma grande máquina, eu devo estar aqui por algum motivo. E isso quer dizer que você, também, deve estar aqui por algum motivo. "
A primeira vez que eu ouvi falar de Hugo Cabret faz muito tempo. Naquela época, tinha acabado de criar um Skoob, estava ficando empolgado com todos os livros que me eram desconhecidos, com todo um mundo cheio de histórias para ler. Uma amiga havia o recomendado, mas uma parte de mim sentia uma enorme preguiça de lê-lo (e de procurá-lo) devido ao seu tamanho. Devo dizer que foi uma pena eu não o ter lido antes.

A Invenção de Hugo Cabret pode ser um pequeno tijolo (qualquer coisa que possua mais de 500 páginas pode ser considerado um tijolo), mas é dono de uma das leituras mais gostosas e mais rápidas que eu já fiz. Combinando desenhos com história escrita, as mais de 500 páginas (que podem desencorajar as pessoas, como fez comigo, pelo seu volume) passam num piscar de olhos e podem ser lidas tranquilamente numa tarde, trazendo uma história cheia de segredos envolvendo Hugo Cabret e sua "invenção".

Hugo é um órfão morando na estação de trem de Paris em 1931. Desde o incêndio que matou seu pai, ele mora com seu tio, um bêbado, em um quarto secreto dentro da estação, onde ele é responsável pelo funcionamento de todos os relógios da estação. Dependendo de roubos para sobreviver e com o desaparecimento de seu tio, ele anda pela estação através de dutos de ventilação e caminhos secretos, mantendo todos os relógios funcionando corretamente para que o inspetor da estação não descubra que algo aconteceu com seu tio, para que ele não seja mandado para um orfanato e para poder continuar o trabalho deixado por seu pai, um relojoeiro também.

Para isso, Hugo começa a roubar peças do dono de uma loja de brinquedos, se baseando no caderno de seu pai, até que, um dia, o senhor o pega no flagra, recolhe as peças que Hugo tinha roubado e colocado no bolso e o caderno de seu pai. O senhor, chamado Georges, de modo assustado e severo, diz que queimará o caderno e Hugo entra em desespero. O dono da loja de brinquedos o deixa ir e, quando está fechando a loja, vê Hugo se aproximando novamente, o seguindo até sua casa e pedindo o caderno de volta. O senhor não dá ouvidos a ele e entra em sua casa, fechando a porta na cara de Hugo. Em sua tentativa de retomar o caderno para continuar o trabalho de seu pai, Hugo acaba se envolvendo em algo muito maior do que apenas alguns relógios e o conserto da máquina incrível que seu pai havia descoberto e tentado consertar.

A Invenção de Hugo Cabret é um livro incrível que remonta os princípios da história do cinema de maneira surpreendente, usando elementos como zoom e travelling, típicos recursos cinematográficos, em muitos dos desenhos encontrados pelo andamento da história. Os desenhos parecem ser feitos com pedaço de carvão, deixando o livro inteiro apenas no preto e branco, caracterizando ainda mais os elementos cinematográficos daquela época. 

Livro que entrou para minha lista de favoritos pela forma de abordagem, pelo seu fundo histórico e por sua história criada de um jeito que deixa o leitor instigado a continuar lendo para saber todos os segredos dos personagens, Hugo Cabret impressiona pela sua fluidez, pelo seu tamanho e pela alta qualidade em relação ao seu tema. Devidamente, peço desculpas à minha amiga que o indicou a mim, mas que fui deixando para depois e para depois do depois. Foi um erro grotesco e que ninguém deveria cometer.

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