Ultraviolence, Lana Del Rey






"Ele me machucou, mas senti como amor verdadeiro."
Com um álbum rodeado por sombras, Lana Del Rey volta surpreendendo o cenário musical. Consagrada em "Born To Die", a intérprete de "Blue Jeans" deixou a preguiça de lado e arregaçou as mangas (e a garganta) em suas novas canções. Ajudada por Dan Auerbach (The Black Keys), Lana usou e abusou de seu vocal na produção, indo do agudo ao grave em questão de segundos deliciosos e psicodélicos.



O título do trabalho é uma clara referência ao romance "Laranja Mecânica", onde o protagonista vive pela e para a violência, ao qual chama "ultraviolência" com seus camaradas. Esse mesmo protagonista é insano e cruel, destrutivo, e apaixonado por música clássica. Mas após uma experiência passa a odiar essas mesmas canções, pela dor que elas o causam. Da mesma forma é Lana, todos sabemos que ela já passou pelo álcool, pelas drogas, pelo sexo precoce, e ela também é autodestrutiva. E é toda essa obscuridade que engrena o excelente lançamento. Loucura, desilusão, perdas, dinheiro, drogas, violência pontuam cada faixa de um extremo a outro.

"Cruel world" não poderia ser substituída por nenhuma outra para abrir o disco. Perdida em um amor abandonado, a melodia ultrapassa os limites da gravidade, em um refrão metalizado, suave e sedutor.

Você é jovem, é selvagem, é livre
Você dançando em volta de mim
Você é perfeito para caralho

As delirantes oscilações continuam no decorrer do tempo, sensuais, bem marcadas, em arranjos de arrepiar todos os pelos do corpo. Uma das poucas que fogem a toda depressão é a baladinha "Brooklyn Baby", com nuances românticas e leves. Talvez seja para contrapor as perigosas "West Coast", "Sad Girl" e "Pretty When You Cry" que veem em seguida. Esta última citada é a mais deprimente de todas (e já quero um clipe à la Ride, porque sim) e é o tipo ideal de música para se ouvir degustando uma boa taça de vinho enquanto chora as mágoas de um péssimo romance. Somos arrastados por delicados acordes ao glamour exaltado em letras sobre dinheiro, poder, fama e luxúria e um excelente cover de "The Other Woman" para finalizar, criando toda uma atmosfera de anos 50.

Em suma, Del Rey deu a cara para bater com esse disco. Amada por uns e odiada por outros, ela saiu de sua zona de conforto e nos deu mais do que canções sobre homens mais velhos com dinheiro para suas novinhas. Ela nos violentou com composições cruas e sinceras sobre sua vida. Lana canta seus demônios mais autorais em cada verso poético.



Podem pegar um cigarro, um Whisky, sentar na varanda durante uma noite fria e apreciar cada linha dessa ultraviolência. Lana ainda tem muito para nos mostrar, para amadurecer, ela só está no início de sua promissora e brilhante carreira. Diferente de outras do cenário atual do "pop" e "rock indie", ela tem conteúdo, ousadia e, o principal, talento sem precisar se explorar erroneamente. Bem provável que ela será a voz desta geração.

3 comentários:

  1. Joordy obrigado pela resenha! ! Lana Del Rey arrasou nesse álbum. <3

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  2. Resenha digníssima, adorei! Lana como sempre nos surpreendendo e fazendo com que apaixonemos ainda mais pelo seu talento. Ela samba!

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  3. Lana Rainha! Destrói tudo com Honeymoon. Vamos querer uma resenha linda dessas para o novo álbum!!

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