Jogador nº 1, Ernest Cline


Três Chaves. Três Portões. O prêmio? A promessa de muito dinheiro e mais a posse do OASIS. Cinco jogadores à frente, o resto do mundo tentando alcançá-los e uma empresa que não mede esforços para obter o que deseja, nem que isso inclua assassinato. É sob essa atmosfera que se desenvolve Jogador nº 1. Mas espere aí, voltemos ao início.

A Terra está doente. Estamos 30 anos no futuro. Fontes energéticas estão em falta. A miséria é algo presente em grande parte do mundo e, para piorar, o planeta sofre terríveis mudanças climáticas. Em meio a tudo isso, existe o OASIS, que é uma plataforma ultramoderna, espécie de utopia virtual, uma Matrix em que as pessoas podem fugir da realidade nada agradável em que vivem.

A história começa com a notícia da morte de James Halliday, gênio nerd e bilionário, inventor do OASIS. Ele passou os últimos anos de sua vida projetando algo novo, e esse algo novo é um campeonato dentro do próprio OASIS, que consiste na busca pelas Três Chaves que abrem os Três Portões. As pistas — ou easter-eggs — deixadas por ele fazem referência ao mundo nerd. Isso acaba gerando uma legião de fanáticos que dedicam todo o tempo à procura das pistas, e que ficam conhecidos como os "caça-ovos". Entretanto, cinco anos se passam e nenhuma novidade é anunciada. O jogo mostrou-se mais difícil que o esperado. Até que num dia tão normal quanto qualquer outro, um nome surge no placar de Halliday: Parzival, e ao lado dele está uma chave que representa a Chave de Cobre. Depois de cinco anos, o mundo está de volta ao alvoroço.


Parzival é Wade Watts, um garoto órfão e pobre que vive com a tia negligente nas favelas e que, assim como qualquer outra pessoa no mundo, sonha em vencer A Caça. E após muito tempo, ele é o mais próximo do prêmio. Na verdade, o único. Mas isso não dura. Ele consegue avançar no campeonato, mas outras pessoas o fazem também. Agora, Wade precisa se apressar se quiser ser o vencedor. Entretanto, o fato dele ter sido o pioneiro no campeonato o colocou na mira da IOI, uma empresa rival que deseja monopolizar o OASIS. Eles têm um arsenal de tecnologia e pessoas a seu favor e não hesitam nas formas para alcançaram tal objetivo. O encontro de Wade com a IOI não será nada agradável, e ele precisará unir forças com os outros competidores.


Ernest Cline não titubeia em seu romance de estreia. Sua escrita nos transporta por mundos diversos, quase todos referenciando histórias nerds, e temos uma experiência muito visual devido à incrível capacidade descritiva de Cline, que foi moldada enquanto trabalhava como roteirista em Hollywood. Em meio a tantas informações e acontecimentos, o autor ainda consegue, mesmo que de forma bastante subjetiva, encaixar uma crítica à maneira como imergimos tão facilmente em algo ilusório e deixamos o real de lado. Como nem tudo é perfeito, a obra também possui seus defeitos — um deles são os personagens arquetípicos —, porém são poucos e acabam se tornando reles ante a qualidade inquestionável da história.


Jogador nº 1 é uma odisseia pelo mundo geek, e o autor presta uma homenagem aos clássicos da literatura, cinema, games e até música. Dentro de tudo isso, a cultura oitentista recebe uma atenção especial. Cline insere inúmeras referências em seu livro, que vão desde as mais explícitas, como as transcrições de cenas de filmes como Blade Runner, Monty Python em Busca do Cálice Sagrado e Jogos de Guerra, até as mais implícitas, como... Bem, essas eu vou deixar para vocês descobrirem. Jogador nº 1 é uma mistura de ficção científica com ação, suspense cibernético e ainda um pouco romance. O resultado é uma obra muito versátil e com potencial para agradar diversos tipos de leitores. Então, está esperando o quê? Junte-se a nós na procura pelas outras chaves e na luta contra a temível IOI.

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