Cheio de Charme, Marian Keyes













Típico Chick-lit. Adoro esse estilo de livro como passatempo. Comprei a edição em inglês porque adorei a capa - embora já tivesse lido outros quatro livros da autora. Gosto dos livros da Marian Keyes pelo estilo de escrita dela, cada um tem uma narrativa com um estilo diferente; e também porque todos os livros dela me fizeram rir em algum ponto. O problema é que este, em inglês, tem 898 páginas e, em algum ponto, eu deixei a leitura de lado. Acabei retomando-a em um momento complicado da minha vida e este livro acabou sendo realmente muito oportuno, até pelo rumo que a história tomou a partir de onde eu tinha parado. Marian Keyes é conhecida por abordar em todos os seus livros certos problemas e histórias de superação, em geral para mulheres. Vou dividir um pouco com vocês.

A história gira em torno de Paddy deCourcy, solteiro cobiçado, porém com segredos obscuros em seu presente e passado. Todo o problema começa com o anúncio de seu noivado com Alicia Thornton, apesar de também namorar Lola Daly. Paddy é um homem charmoso, que sempre consegue o que quer, sem ninguém nunca imaginar como. Representa o típico homem modelo, todo-poderoso... e machista. A narrativa tem um andamento interessante. É feita do ponto de vista das quatro mulheres que Paddy mais afetou, cada uma à sua maneira, além de uma rival na carreira. Não sei sobre a edição em português, mas em inglês, a formatação e a fonte mudavam a cada personagem, além do estilo de narrativa. Ou seja, mesmo eu que sou perdida, não me perdi nas histórias. Vamos às moças:

Lola Daly, “a outra”. Firme, bem-sucedida, desaba quando descobre que seu namorado de longa data, Paddy deCourcy, irá se casar com outra mulher. Foge para uma cidadezinha da zona rural, afastada de tudo e todos, apenas para lidar com o impacto da notícia. Afastada, vai a pubs, faz amizade com um bartender, tem um caso breve com um surfista e, por fim, faz amizade com seu vizinho, Considine, que tem interesses que ela considera, a princípio, peculiares. Repassa todo o seu relacionamento com Paddy em sua mente, analisando toda a evolução desde o dia em que se conheceram, até que uma conhecida jornalista vai a seu encontro. O ponto marcante da história dela é sua auto piedade, em alguns momentos exagerada, mas muito bem mostrada e marcada. A reação de Lola é o que muitas pessoas desejam fazer quando encontram algo realmente ruim na vida, mas não podem: fugir. Foi a primeira a ser procurada pela jornalista, por ser a namorada secreta de Paddy e já ser uma figura da mídia, como uma espécie de estilista/consultora de moda.

Marnie Walsh, a namorada do ensino médio. Marnie faz parte da família favorita de Marian Keyes, os Walsh. Cinco irmãs que passaram por tudo na vida, relacionado a homens, claro. Devo dizer que Marnie superou as irmãs no quesito “escolha ruim”. É irmã de Grace. Marnie conheceu Paddy em outra fase da vida e, mesmo assim, sofreu consequências graves, talvez muito mais do que as outras. Fica chocada e desesperada quando descobre que Paddy está noivo, e isso desencadeia uma série de acontecimentos em sua vida, além de trazer de volta lembranças terríveis que ela havia bloqueado de sua memória. E isso que inclui seu alcoolismo, que afasta seu marido Nick. É a que mais hesita quanto a tomar uma atitude.

Alicia Thornton, ou Leechy, a noiva inocente de Paddy. É a típica esposa da família do Sonho Americano. Inocente, delicada, doce, jamais interfere nos assuntos do marido. Obedece sem questionar e serve pra ser bonita, apesar de todo o seu potencial intelectual. Aparece pouco em comparação às outras, mas acaba tendo um papel fundamental no desfecho do livro. Nem tudo são flores depois que ela encontra com Dee Rossini.

Grace Gildee, jornalista, também conheceu Paddy há muito tempo, também se apaixonou por ele e também não consegue esquecê-lo. Claro, ele namorava sua irmã, Marnie. É uma mulher também bem-sucedida, batalhadora e que jamais abandona sua irmã. Investiga o passado de Paddy com todas essas mulheres e ajuda Dee Rossini a reuni-las. Adivinhem só: Dee também tinha um motivo muito importante para fazê-lo. É uma política contrária a Paddy, e acaba sendo extremamente importante no livro.

Imaginem que, nesse dado ponto da história, todas essas mulheres se encontram, com apenas um objetivo: destruir Paddy deCourcy por tudo o que ele causou. Todos nós sabemos muito bem do que uma mulher com raiva e rancor é capaz, certo? Agora, imaginem várias delas juntas, sem nada a perder. Assustador. O único ponto que não gostei foi o final, que eu mudaria com certeza. Adoro a maneira como todas as personagens estão ligadas, e a maneira que Marian Keyes desenvolve a trama. Especialmente por Paddy não ser a única ligação entre essas mulheres.

Algumas pessoas não gostam muito do livro, por ter temática pesada e ser tratado como “livro de férias”. Eu gosto tanto dele quanto dos outros livros desta autora, em geral, exatamente por isso. Ela já foi alcoólatra e superou, inclusive com ajuda da escrita. Assim, o teor psicológico dos livros, apesar de exagerado e bem humorado, é real. Seja o alcoolismo de Marnie (que não é tema apenas desse livro), ou a fuga de Lola, ou mesmo o tema central desse livro, todos retratam muito bem o que uma pessoa nessas situações faz e sente. Para alguns isso incomoda; para outros alivia. Espero que este livro possa ajudar algum de vocês da mesma maneira que me ajudou.

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