Maldita é a continuação do livro “Condenada”, do mesmo autor. Madison Spencer, uma jovem revoltada com a criação que os pais lhe deram, morre no dia do seu aniversário e vai para o Inferno. O primeiro livro descreve Maddy e sua vida no inferno, e um pouco sobre seus pais. Maldita, por sua vez, trata mais da relação de Maddy com os pais e os avós, conta sua vida e lida com a enorme confusão que causou.
Toda a confusão começa quando Maddy, no call center do inferno (obrigada, Sr. Palahniuk), decide ligar para seus pais e lhes contar que sim, existe a vida após a morte, e, para mandar seus pais para o Inferno, lhes diz que está no céu e o caminho para lá é falar muitos palavrões, entre outras atitudes muito estranhas para o cristianismo - ou qualquer outra religião. Não que os pais de Maddy sejam religiosos.
Assim, acreditando na filha falecida, eles decidem espalhar essa revelação para o mundo. Ops. Os pais de Maddy são ricos, muito famosos e são, basicamente, uma caricatura de alguns artistas do nosso mundo. Não medem esforços para criar uma nova religião, baseada em tudo o que a filha disse a eles.
Ao longo do livro, passamos pelos anos em que Maddy viveu com os avós em uma fazenda, longe de seus pais, e de coisas muito estranhas acontecendo lá. Descobrimos também de onde vem o amor dela pelos livros e uma série de acontecimentos que levaram à morte de seus avós e também o motivo de seus pais terem adotado outras crianças e a deixado de lado, bem como a liberdade que ela sempre teve para fazer o que bem entendesse.
Os personagens são muito bem explorados nessa fase da história, diferente do que aconteceu no primeiro livro. A leitura é rápida e a linguagem é ótima para todas as idades. Chuck Palahniuk é conhecido pelos temas polêmicos que trata em seus livros, pela diversidade do conteúdo que escreve e pela maneira que escreve, assim, não me surpreendi com a “maravilhosidade” de Maldita.
Somos apresentados também ao Céu de Chuck, que de certa forma é bem diferente do que a maioria de nós imagina que seja o céu, mas também é exatamente o que imaginamos. O que digo é que meu lugar é definitivamente no Inferno, considerando as versões de Chuck. Se tivesse a chance de escolher, o que Madison e seus novos amigos escolheriam? E, tratando-se do Inferno, até que ponto ela pode saber quais são seus amigos?
Essa é mais uma daquelas histórias difíceis de comentar sem revelar detalhes da trama, mas é o momento em que todos os personagens mostram seu segundo lado. Talvez os pais de Maddy não sejam tão irresponsáveis e desprovidos de amor a ela. Talvez a jovem não seja a pessoa fria e rejeitada que mostrava ser. E talvez o Inferno seja mesmo o lugar certo para ela.
O final do livro não deixa muito claro se haverá ou não continuação, mas sabemos que se trata de uma trilogia. Ou seja: vou esperar o próximo volume com muita ansiedade.
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