Doctor Who: O prisioneiro dos Daleks, Trevor Baxendale











O prisioneiro dos Daleks é uma aventura inédita do décimo Doutor, na série interpretado por David Tennant. Os livros vem sendo traduzidos pela Suma de Letras e são verdadeiros presentes da editora aos leitores e fãs de Doctor Who no Brasil. O universo de aventuras vividas pelo Doutor e suas mais improváveis companhias ganha um certo ar de mistério e profundidade que somente a literatura é capaz de proporcionar. Ainda que a série consiga grandes feitos, ler Doctor Who é uma experiência única e muito diferente da que os fãs estão acostumados. 

O Império Dalek, nessa variação temporal, desafia o comando terráqueo em uma guerra que parece interminável; os Daleks tentam expandir seus domínios usando sua estratégia comum e cruel: alongar a guerra até que seus opositores percam seus sensos de humanidade e empatia, para, então, desferir o golpe final. O cenário é o esperado, batalhas que eclodem em vários sistemas solares habitados por humanos, investidas bélicas do inimigo mais poderoso que o Doutor já enfrentou e uma fina psicologia de confronto que parte dos Daleks.

O tom é mais sinistro que o normal, talvez por se tratar de literatura, onde a imaginação fica mais livre que na série. O fato é que os Daleks nunca soaram tão vis e comezinhos quanto nessa trajetória acidental do Doutor. Acidental porque o Doutor acaba embarcando na nave de alguns caçadores de recompensa por mero acaso. A nave é subordinada ao Comando da Terra, que paga altos valores por cada Dalek morto, a recompensa é dada àqueles que apresentam como prova o olho de um Dalek. O que ninguém esperava era conseguir capturar um Dalek inteiro e vivo, que, após passar por interrogatório, acaba morrendo antes de chegar onde pretendiam ir os tripulantes da nave. 

No meio de uma série de acidentes, mal entendidos, discussões acaloradas e debates morais, o Doutor convence o capitão dos mercenários a pousar em um planeta onde acredita poder impedir um dos maiores planos dos Daleks. O capitão aceita à contragosto, afinal, a pista que o Doutor está seguindo é algo muito sutil, baseado no que o Dalek aprisionado e torturado revelou nos seus últimos instantes de vida: a existência de uma brecha temporal na qual o mais alto comando Dalek pretende explodir uma carga de energia que lhes possibilitaria se tornarem “senhores do tempo”. O desespero do Doutor para impedir que isso aconteça é tamanho que todos aceitam seu pedido e pousam num planeta praticamente estéril e que no passado foi próspero e harmonioso, até obviamente ser destruído por um esquadrão Dalek. 

Ao localizar e pousar no planeta em questão, todos descobrem que se tratava de uma armadilha do Dalek moribundo para entregar os mercenários ao alto comando, que fazia escravos para cavar até o núcleo do planeta, onde a brecha temporal estava escondida. O Doutor e os demais tripulantes acabam prisioneiros, até que os Daleks descobrem estar de posse do Doutor, seu inimigo mais antigo e escorregadio. 

Este é o momento mais interessante do livro, sabemos que o Doutor vai se safar, sabemos que de alguma forma ele conseguirá enganar os Daleks e impedi-los de realizar seu plano de destruição. A grande questão é: como? Como enfrentar um exército sanguinário, que se deleita com o sofrimento e está em número esmagadoramente maior? Claro que o Doutor usará de seus artifícios para conseguir escapar e, diferentemente de alguns episódios na série, a reviravolta que se consegue é muito crível.
Vale a pena conferir essa aventura mais solitária do Doutor, que, desta vez, não está com nenhuma de suas companhias comuns. Desta vez, ele enfrentará o perigo sozinho, afinal, mesmo a tripulação da nave de caçadores de recompensas não lhe é muito simpática.

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