Millennium, Stieg Larsson



Geralmente quando me pedem indicações de livros eu tento analisar o que a pessoa gosta com base em suas leituras anteriores e tento indicar algo que remeta as preferências pessoais de quem pede, porém se alguém me pedir indicação de livro policial eu nem penso duas vezes: eu indico Millennium! Vivo falando para quem puder ouvir sobre a minha afeição por romancistas nórdicos, como o casal Lars Kepler, o excelente Jo Nesbo ou mesmo o impactante Mons Kallentoft, mas Stieg Larsson permanece meu preferido e eis o porquê.

A trilogia escrita por Stieg Larsson narra a historia de Lisbeth Salander, uma jovem aparentemente problemática, que tem sua vida regrada pelo Estado e se une a um jornalista recentemente difamado, Mikael Blomkvist, para ajudar a desvendar um crime. Essa é a primeira deixa para essa parceria memorável. Durante os três livros acompanhamos o desenrolar da história de Salander e sua ida de hacker marginalizada ao status de sua personagem literária preferida, passando por uma fase “assassina mais procurada da Suécia”, mas isso eu deixo para você descobrir. Salander é uma personagem única na literatura, e eu digo isso sem o menor receio de exagerar já que eu mesmo, que sou raramente afeiçoado por algum personagem, acho ela absurdamente impecável.

Me faltam adjetivos para dizer o quanto aprecio essa trilogia. Millennium tem um desenvolvimento da narrativa espetacular. No primeiro volume você é apresentado à uma hacker antissocial que trabalha em uma agência de investigações e, por intermédio de um trabalho, é vinculada a uma investigação de assassinato. Então ela conhece Blomkvist, seu par para o resto da história. Essa seria, em condições normais, uma dupla bastante improvável: ela receia contato com homens, ele um ‘garanhão’ assumido, ela uma hacker introvertida, ele um jornalista famoso... Tem tanta coisa para dar errado que dá certo. Esse relacionamento viaja entre romance, amizade, atração e várias outras nuances possíveis, e a parte interessante nisso é que, seja você mais amigável a qualquer um dos dois, sente simpatia pela situação e compartilha da visão em relação ao outro com seu favorito. Parece algo tolo, mas achei proveniente de alguma técnica, proposital ou não, bem aplicada. Ao longo dos três livros, os dois se envolvem em investigações de assassinatos, tanto para descobrir quem matou Harriet, trama principal do volume 1, quanto para salvar a própria Lisbeth da condenação, como no volume 2.

Ler Millennium não é esforço algum! (Bom talvez seja se você tentar pronunciar o nome das cidades) É uma leitura densa, mas muito convidativa e que não vai pedir sua atenção, vai roubá-la e fazer com que vire página após página na sede por revelações. Os livros são bem divididos, não apenas em tamanho, mas também em montante de acontecimentos. Embora o primeiro volume, Os homens que não amavam as mulheres, pudesse ser encarado como uma história completa, há tantas coisas ocorrendo em background que não passará desapercebido por você. Não há a menor chance de não querer saber o que aconteceu na editora da revista de Mikael ou o que Salander fez para estar em custódia do serviço social sueco. Alías, “o que Lisbeth fez” é, talvez, a maior revelação e mistério da série. No segundo volume, A menina que brincava com fogo, um título escorrendo significado, Lisbeth é acusada e procurada por um duplo homicídio e Mikael tenta a todo custo provar sua inocência. O mais interessante é que, durante o desenrolar de toda essa história, eles não se encontram. Eu prefiro parar por aqui e não falar do terceiro volume, A rainha do castelo de ar, pois poderia dar a entender algum spoiler, mas digo que, quando terminar o segundo, você não hesitará em começar a ler o terceiro.

Não saberia dizer se minha empolgação com minha trilogia preferida transpareceu nesse texto, se não ,deixe-me contar que estou escrevendo com um sorriso gigante no rosto. Sou muito chato para gostar de algo, admito, mas não consigo colocar um defeito em Millennium, e nem me atrevo a tentar achar. Espero que siga meu conselho e leia, e como no filme Pay it Forward, passe o favor a frente.

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