Minha Breve História, de Stephen Hawking


"Nasci no dia 8 de janeiro de 1942, exatos trezentos anos após a morte de Galileu."

Stephen Hawking. Ah... você já ouviu falar desse cara. Quando soube que ele lançaria uma autobiografia, fiquei bastante animado. Imagina só, Stephen Hawking, o gênio da física moderna, provavelmente uma das maiores mentes vivas, o homem que desbravou o universo, falando de sua própria trajetória, de suas frustrações, de sua vida pessoal! Deve ser o máximo, certo? Nem tanto quanto eu gostaria, na verdade.

Minha primeira decepção veio quando peguei o livro nas mãos e o folheei. O que vi foram poucas páginas, letras grandes, linhas espaçadas, margens generosas, várias imagens ─ fotos pessoais muito interessantes, por sinal. Será que tão poucas palavras seriam suficientes para contar a vida de Stephen Hawking, um dos mais brilhantes cosmologistas da história? A resposta: não. Pelo menos não da forma que eu esperava, com a riqueza de informações que eu aspirava a encontrar.

"Física sempre foi a matéria mais chata da escola, porque era muito fácil e óbvia. Química era muito mais divertida, porque aconteciam coisas inesperadas ─ como explosões. Mas a física e a astronomia ofereciam a esperança de compreendermos de onde viemos e por que estamos aqui. Eu queria sondar as profundezas do universo."

De qualquer forma, Minha Breve História nos permite conhecer a história de Stephen Hawking. E, sem dúvidas, é uma história inspiradora. Nos mostra que podemos sim chegar aonde quisermos chegar, ser o que quisermos ser... E que isso independe de termos ou não um intelecto superdesenvolvido.

O autor já havia publicado outros livros destinados ao público em geral, entre os quais se destacam Uma Breve História do Tempo e O Universo numa Casca de Noz. Estes títulos tentam explanar a respeito dos mecanismos que regem o funcionamento do universo, destinado ao público leigo, portanto, com uma linguagem menos técnica. Almejava levar esse tipo de conhecimento a todos. Em Minha Breve História, a proposta é diferente: levar ao público sua própria história. Mas isso não quer dizer que tenha deixado de lado os mistérios do universo, afinal, fazem parte de sua vida.

Alguns capítulos são destinados a esse tipo de explicação ─ descobertas para as quais contribuiu ─, feita de forma resumida e, embora tenha uma linguagem bastante acessível, acabam nos confundindo. São muitos conceitos, mecanismos de grande complexidade. Apesar dos esforços de Hawking, ouso afirmar que o público em geral, com exceção de aspirantes a físicos, astrônomos e cosmólogos, pulará algumas dessas linhas. A exemplo, há capítulos que tentam explicar as ondas gravitacionais, buracos negros e as possibilidades de viagem no tempo. Algo interessante, mas que parece complexo demais.

"Quando eu tinha vinte e um anos e contraí esclerose lateral amiotrófica, achei muito injusto. Por que aquilo tinha de acontecer comigo? Na época, pensei que minha vida tivesse terminado e que nunca concretizaria o potencial que acreditava possuir."

Quanto aos capítulos que nos remetem à sua vida pessoal, são muito interessantes. Sondar a vida por trás desse homem, que hoje ocupa uma cadeira de rodas, respira e se comunica com a ajuda de aparelhos, é muito proveitoso. Nos dá uma lição de vida e de determinação. Hawking usou a doença ao seu favor. Não se deixou abater. Ao invés de desistir de tudo, usou do "tempo livre" que passou a ter, impedido de muitas coisas pela doença, para realizar o seu sonho: descobrir mais sobre o universo. Hoje, ele se mostra orgulhoso disso, feliz por ter contribuído.

"Tive e tenho uma vida completa e prazerosa. Acredito que pessoas com deficiências devem se concentrar nas coisas que a desvantagem não as impede de fazer, e não lamentar as que são incapazes de realizar."

Ter acesso às memórias e aos sentimentos do cientista sem dúvidas é uma experiência incrível, mesmo que sem muita profundidade. Ler biografias sempre nos acrescenta muito, aprender com os erros dos outros, ver como vidas bem-sucedidas foram trilhadas e, muitas vezes, sermos lembrados de que nossos problemas cotidianos não são nada perto das derradeiras dificuldades com as quais algumas pessoas trombam pela vida. Gostaria que Minha Breve História fosse mais detalhado, mas, mesmo assim, Stephen Hawking é Stephen Hawking. O livro vale a pena.

"Mas hoje, 50 anos depois, estou bastante satisfeito com minha vida."

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