Coexist, The XX




Separate or combine?

Poucas bandas criam um clima tão agradavelmente profundo e lírico quanto o The XX. O Coexist continua o grande acerto que foi o primeiro álbum, e não fica devendo em nada. Aliás, superou muito as minhas expectativas. Cada música desse álbum está recheada de significados em oposição ao estilo minimalista. O amadurecimento mental e profissional de cada integrante do grupo é palpável. As letras ganharam um tom mais adulto e estruturado, as vozes se tornaram mais polidas e o instrumental, que antes era heterogêneo e bem marcado por distintas camadas, em Coexist ele aparece mesclado e homogeneizado.

Logo que o álbum se inicia, a delicada Angels apresenta o minimalismo característico da banda, mas não revela o que está por vir. Até que então surge Chained, como um nascer do sol após uma noite soturna. O instrumental ganha força e o tom eletrônico característico do Jamie Smith, produtor do álbum. Chained logo apresenta o conceito do álbum: “Separate or combine?”, pergunta-se Oliver Sim. Separar ou combinar? Coexistir foi a resposta encontrada.

“Did I hold you too tigh? Did I not let enough light in?"

O álbum cerca-se em torno de contrastes. Em algumas músicas vemos belíssimas declarações de amor, em outras vemos uma vontade de desapego, canções de saudade e arrependimento. Em seu debut XX tínhamos de um lado o uso recorrente do silêncio, longos momentos de camada única e solos instrumentais, em Coexist temos momentos calmos e temos momentos intensos. E, às vezes, temos os dois momentos coexistindo, como em “Sunset”, música, que para mim, é a melhor representante deste magnífico álbum. A letra quase paradoxal, fala sobre querer esquecer, mas também querer lembrar e ser lembrado. Sentimentos que brigam entre si, mas que não se chega à nenhuma conclusão, tendo que coexistir. O instrumental tem uma pegada eletrônica equilibrada com o minimalismo e ainda consegue lembrar passagens do XX como “Night Time” e “Crystalised”.

“If feels like you really knew me. Now it feels like you see through me.”

Outra pérola deste álbum chama-se “Reunion”, onde o instrumental cresce mesclando-se às vozes e às batidas quase dançantes, fazendo o ouvinte se envolver completamente nessa experiência musical. Em “Swept Away” encontramos o momento mais up do álbum, a música quase toda esta imersa numa estrutura eletrônica que quase poderia estar numa balada underground. E é de altos e baixos que o Coexist vai mostrando sua força, é de momentos calmos e agitados, tensos e relaxados, que nos envolvemos nessa paradoxal, mas muito real, experiência. Como Camões um dia escreveu: “Amor é fogo que arde sem se ver”. Definitivamente, este álbum marcará a vida de qualquer um que se deixe levar pelo seu clima agradável e sombrio.


Sobre o Autor:
Arthur Lins
Arthur Lins, 18 anos. Sou um pouco de tudo, e sou tudo o que me convém. Gosto de ler antes de dormir, assistir filme nos finais de semana e faço todo o resto escutando música. Sou fotógrafo amador, resenhista amador, blogueiro amador e futuro profissional da engenharia civil.

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