1984, George Orwell








"Guerra é paz,
Liberdade é escravidão,
Ignorância é força.”
Slogan do Partido

Quem me indicou esse livro foi meu pai, quando eu era bem pequena e o queridinho da Globo, Big Brother Brasil, foi lançado. Nunca gostei do programa, mas sempre gostei de livros, então, quando eu soube que existia um mundo (nos livros) onde o Big Brother era real, corri para descobri-lo. “1984” me lembra muito de “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, por também conter uma temática futurística e tecnológica, onde os aspectos da vida humana são controlados 24 horas e há uma solução para tudo. George Orwell é um escritor fantástico, sendo “1984” e “A Revolução dos Bichos” muito recomendados em escolas do nosso país. Foi publicado em 1949 e é uma distopia que retrata uma sociedade autocrática, totalitária e muito repressiva, que no livro é chamada de “Socialismo Inglês”, embora o autor se declare socialista na vida real.

Vamos começar explicando a sociedade do livro. No governo, existe apenas o Partido, com alguns Ministérios (Verdade, Paz, Pujança e Amor) e instituições, como a Policia das Ideias, que regulam a sociedade. O mundo era dividido em três: Oceania, Eurásia e Lestásia, sempre em guerra de alguma maneira. O idioma é a NovaFala (ou NoviLíngua), que basicamente abrevia os tudo em poucas sílabas. Mesmo com outro idioma, as palavras-chave clássicas, como “camarada”, continuam presentes. Temos o Grande Irmão, que é o líder supremo dessa autocracia, que ninguém nunca viu nem conheceu, podendo muito bem ser apenas uma representação onipresente para o Partido. O Grande Irmão, além de inspirar o nome do reality-show “Big Brother Brasil”, é uma referência ao russo Stalin. Todos são vigiados o tempo todo pelas teletelas, que podia ouvir e ver tudo o que cada um fazia, e não havia como desligá-las. Exatamente como no BBB.
“O Grande Irmão está de olho em você”
Temos então Emmanuel Goldstein, referência a Trotsky, o Inimigo do Povo, a quem eram dedicados minutos de ódio. Foi tão importante quanto o Grande Irmão, mas, na teoria, realizou muitas peripécias e foi condenado à morte. Peripécias essas, muito perigosas para a sociedade: liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de reunião, liberdade de pensamento, paz, e outras. A Confraria era um grupo secreto de pessoas que seriam os apoiadores de Goldstein, ou seja, a Resistência. É claro, contra a lei. Até mesmo as crianças eram treinadas para fiscalizar o próximo.

Nosso protagonista é Winston Smith, que trabalha no Ministério da Verdade (MiniVer) em Londres. Winston tem “pensamentos-crime” (ou crimideia) e vive com medo de ser apanhado pela Polícia das Ideias. Quem fosse apanhado, seria “Vaporizado”, teria todos os registros apagados, como se nunca tivesse existido (tornava-se uma “despessoa”). Uma vez por mês também aconteciam enforcamentos na praça, um espetáculo familiar, como apontado pelos seus vizinhos. Ele possuía suas lembranças e percebia que o passado era frequentemente alterado e se tornava verdade (“Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado”). E isso era a tarefa dele, no Ministério da Verdade: contar mentiras. Aí entra a enorme bagunça que é o “duplipensamento”, onde você possui duas verdades, uma oposta à outra, ou mesmo que se anulem, e acredita em ambas.


O proletariado não era considerado gente pelos membros do Partido. Os “proletas”, como são chamados, eram considerados por Winston a última esperança e somavam 85% da população da Oceania. Eles não podem ingerir bebidas alcoólicas. A prostituição era tacitamente estimulada, desde que não seja por alegria, não sejam pegos no ato e não envolva promiscuidade entre os membros do Partido. O sexo era desestimulado e o casamento, feito apenas com autorização, servia apenas para gerar filhos. O aspecto religioso e celibatário era extremamente reforçado entre os membros do Partido, porém os proletas (e os animais) eram livres.
“Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro. Se isso for admitido, tudo o mais é decorrência.”
A quem gosta de política, recomendo prestar muita atenção nas descrições do proletariado (lá pela página 90 na minha edição), e associar com o nosso capitalismo. Ou mesmo com o capitalismo da Inglaterra de 1949. Winston queria se apaixonar por alguém diferente das mulheres celibatárias do partido (embora tivesse se casado). Não queria ser controlado o tempo todo e viver contando os segundos até que fosse capturado. A parte I termina com uma conversa em um bar dos proletas, sobre o passado, com alguém que tinha a memória “verdadeira”. É quando ele se aproxima da vida do proletariado.

Começa a parte II e Winston conhece Júlia e O’Brien, que vivem uma vida dupla como adoradores do partido e membros da Confraria. Júlia, uma jovem casta, torna-se a amante de Winston e a partir disso as coisas ficam interessantes. O’Brien também é um personagem na parte I, mas relativamente irrelevante, também do Ministério da Verdade. A partir dessa amizade secreta, a trama toma rumos interessantes e inimagináveis. E é aqui que vocês começam a ler e descobrem por si mesmos!

Além do nosso Big Brother Brasil, o livro também inspirou o famoso “V de Vingança”, de Alan Moore. O Filme Equilibrium, com Christian Bale, e o jogo Half Life 2 também possuem semelhanças com o enredo de 1984. Em suma, mais uma distopia genial, dessa vez do Sr. George Orwell. Com certeza é um livro digno do seu tempo.

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