Das profundezas do desconhecido, Peter Benchley se propõe a romancear a história de uma criatura que, até então, se tinha pouco conhecimento sobre. Seu best-seller que logo viria a se tornar o primeiro blockbuster de Steven Spielberg que, por sua vez, revolucionaria o cinema, Tubarão se mostra uma história muito mais intrigante e interessante do que apenas uma caça a um grande peixe.
Logo no início, somos apresentados ao grande monstro que irá assolar a praia da cidadezinha norte-americana Amity. A primeira aparição do Tubarão Branco acaba se tornando um mistério, visto que, devido a fatores climáticos, a estadia do peixe na praia não era comum, assim como suas atitudes, que iam contra o hábito do animal. Após o primeiro ataque, o policial Brody se vê dividido: deve ele manter a praia fechada pela segurança da população ou deve mantê-la aberta, como lhe é imposto por autoridades?
A narrativa de Peter é curiosa e precisa, evitando dar detalhes superficiais para que a trama não se torne monótona. Um dos pontos mais interessantes e que merecem destaque são as descrições comportamentais e biológicas da criatura idealizada. Recebemos explicações do porquê suas atitudes são questionáveis e geram intriga para os mais entendidos nos hábitos dos tubarões.
Uma das primeiras impressões ao ver Tubarão é associá-lo ao clássico de Herman Melville: Moby Dick. Como ambos tratam do “homem contra a natureza”, Peter Benchley deixa evidente durante todo o livro que se inspirou na obra de Melville para traçar sua aventura no mar. Isto se torna mais claro ainda com o crescimento da obsessão de Brody pelo Tubarão Branco, assemelhando-se à obsessão de Capitão Ahab pela grande Cachalote.
Todavia, o livro não é isento de críticas. A história é um tanto linear, mostrando-se apenas uma aventura com começo, meio e fim. Visto esta proposta, Peter consegue cumpri-la muito bem, mas é inevitável o sentimento de “podia ser melhor”. Sua escrita é tão direta e cativante que nos leva a acreditar que pode haver mais do que temos em mãos, gerando certa decepção quando descobrimos que estamos enganados. Esta linearidade só é quebrada por pequenas sub tramas, mas que se tornam desinteressantes e até dispensáveis, nos levando a entender porque os produtores da versão cinematográfica pediram para o autor remover estes detalhes do roteiro.
Apesar das ressalvas, Tubarão é uma grande aventura que irá prender o leitor desde o início e deliciá-lo com a história de um homem contra um monstro invisível e incomum. A história simples é bem recebida pela escrita voraz e brutal, gerando um misto de suspense e terror no decorrer de todo o livro. Tubarão é um dos poucos romances que tratam de uma das criaturas mais fascinantes do mundo. A paixão de Peter Benchley pelos tubarões irá contagiar qualquer leitor que se atrever a mergulhar em sua obra.
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